No momento em que extrapolamos a biocapacidade do planeta, a regeneração é a via a ser percorrida para vislumbrarmos a recomposição dos tecidos destruídos tanto de nossa sociedade quanto do meio ambiente. Nesse sentido, a visão sistêmica nos norteia para nos situarmos enquanto indivíduos e sociedade em um sistema maior, colaborativo, onde parte e todo têm um fluxo de retroalimentação e interação contínuas.

Em um organismo, a saúde e a vitalidade de um órgão contribuem para a saúde e vitalidade de todo o corpo. Analogamente, os indivíduos colaboram para a saúde e prosperidade de suas comunidades e de seu meio físico, nutrindo-os e por eles sendo nutridos. 

O desenho regenerativo parte da relação da escala humana com a sua localidade, e desta com a consciência de seu contexto ambiental maior. Segundo Kirkpatrick Sale, dentro da abordagem biorregional, há que se conhecer as peculiaridades ecológicas, sociais e culturais das localidades preservando e restaurando, sempre que possível, a sua diversidade. Nesse sentido, o autor sugere que devem ser realizados trabalhos que ajudem na saúde da região, restaurando recursos naturais, satisfazendo as necessidades humanas de alimento, água, energia, abrigo e educação, em nível local e global e em apoio à vida, em seu sentido mais amplo, aumentando a consciência sobre a biorregião (*).

A conexão com o lugar é o ponto de partida para a regeneração dos tecidos que precisam ser recuperados; é necessário se compreender as vocações, abraçar as diversidades, promover sinergias, apoiar e fortalecer as redes, percebendo e se conectando ao fluxo do sistema maior. Da qualidade dessa conexão, e de suas amplas redes de apoio e relacionamentos, vem a energia regenerativa que aviva todo o organismo.

Como a parte contribui para o todo e dele também se beneficia, a observação e a reconexão dos indivíduos e comunidades com a Natureza, ao mesmo tempo que os ensina e inspira a mimetizar essa relação sistêmica, traz o sentido de propósito e de alinhamento, tornando vivo seu papel na complexa teia da vida!

(*) Fonte: material do curso Design para a Sustentabilidade Gaia Education